terça-feira, 25 de maio de 2010

guerra salgada

Família? Onde está a sua família? Que terra pisa e que ar respira? Onde estão as árvores do teu chão e os pássaros do teu céu?

As janelas estão sem vidros, assim como a sua alma. O transparente não é por querer! E as folhas, batidas em barro, entre montes de tudo um pouco, a tua própria casa... Família.

Porque abraças o teu sangue, e acorrentas o teu querido com os ombros. E para a sua casa, que já não é mais casa, encobre o choro com uma historinha de ninar: onde não há soldados nem barulho; onde não há fumaça, onde as coisas não se evaporam nem se esfarelam.

Ah, família! Onde estão as portas da tua casa? Quando você saiu você deixou para dentro o teu amor?, mas o teto caiu sobre ele. Os céus encaram para baixo com faces fechadas de neblina densa sobre terra remexida.

E cada passo em direção ao coração explodido são mais alguns centímetros em direção ao imortal. Registrado como com garras em um coração que não teve a chance de fugir.

Por que não choras? Por que no não virar esconde o rosto melado de insônia e desilusão? Agradece a roupa do corpo e o calçado dos teus pés!, pois de mim tens a compaixão e para a tua casa eu desejo a reconstrução.

Volte em paz, família. Dos céus já não caem mais aves inflamadas em ódio, tampouco do horizonte surgem grandes monstros com os braços abertos para te engolir.

Tente dormir família. Já, já, vem o sol, e talvez Deus olhe novamente sobre você!
Elias Martins (maio/2010)

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